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06 abril 2012

manual da auto-comiseração #3

havia dias em que acordar era penoso, doloroso, vagaroso, diria mesmo, perigoso.
dias em que cimento te apertava as têmporas com força e tudo girava em teu redor. e ficavas ali, na espectativa, com medo, sem saber como parar o mundo, pará-lo a tempo da implosão.
arrastavas-te pela cidade cinzenta, triste, zangada contigo, zangada com todos, todos zangados com a cidade.
[que mal te fizera ela, afinal?]

folheavas apenas um livro que não era o teu, deixavas que o vento voltasse as páginas por ti. lias, sem ler. estavas ali. dormente, ausente.
a porcaria de um comando de televisão como melhor amigo.
[que agora não passa de objecto caduco em cima de um móvel, desligado da electricidade.]

como Ícaro preso no labirinto.

essa pessoa, já foste tu.
que nunca te esqueças.




 foste: pretérito perfeito do verbo Ser.

1 comentário:

Patrícia Marques disse...

Mas só volta a ser se tu deixares