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15 fevereiro 2014

estavas em todo o lado.

ando para te escrever há uns dias.
preciso de continuar a falar contigo e sobre ti. sobretudo, quero continuar a falar contigo e sobre ti.
o problema é que sempre que tento começar a escrever alguma coisa, uma onda grande, de maré-alta, assalta-me o peito e prende-me os dedos. sinto as têmporas atadas em nó-cego e permaneço imóvel. sentada num sítio qualquer que de repente esqueço o nome. inerte. em frente a um computador como uma folha de papel a fingir. a olhar em frente mas sem nada conseguir focar.

hoje visitei a tua casa pela primeira vez desde que já não há possibilidade de lá voltares. vi-te em todo o lado. nos espinafres do quintal, no limoeiro, no teu escritório de papéis-papéis-papéis. na fechadura que em tempos arranjaste, na tampa da caixa de correio que há anos caía ao chão sempre que de lá se tirava alguma coisa. no banco onde nos sentávamos à conversa em dias de calor, nas flores, na palmeira que quiseste plantar quando tinha uns 8 anos. nas paredes. no muro. no telhado. nas janelas. estavas em todo o lado.
tanto e tão intensamente, que quase podia jurar que te vi, à minha espera, a abrir o portão.

ando para te escrever há uns dias.
mas ainda não é hoje.