...e da frustração de não poder dizer-te o que mereces ouvir e ter de me refugiar neste espaço, para não correr o risco de explodir.
és um verdadeiro imbecil.
um merdas.
um mentecapto agarrado à tacanhez de uma mentalidade provinciana, portuguesinha, pequenina. de calças na mão, com medo que o sucesso alheio e as boas intenções terceiras te roubem a renda da casa.
o teu truque é simples: disseminar a malvadez e o pessimismo o mais que conseguires, até nos fazeres desistir. achas que assim conseguirás dominar o mundo. tu e aquela espécime de bruxa-má que contigo coabita.
lembras-me os piores ditadores, sabes. "pão e circo", já desde os tempos de Júlio César. (e não, não é o senhor do talho.) por mais mal que faças aos que te rodeiam, ficas sempre bem na figura. todos te aplaudem de pé, és ao mesmo tempo a vítima e o benfeitor. clap clap clap! há que atribuir-te crédito por isto.
certo, é que desconhecerás sempre algumas palavras do dicionário: partilha, divisão, espontaneidade, boa-vontade, felicidade.
sim, o teu maior problema, é que és um miserável e nós, por muito que tentes, seremos sempre mais felizes que tu.
és um imbecil.
um miserável.
mas dos meus sonhos não desisto.
e tu, hás de ter de aprender a viver com isso.
(suspiro profundo)
já disse o que precisava.
vive em mim uma malabarista com o mesmo nome que eu, cujo desejo é conseguir manobrar a vida com equilíbrio durante pelo menos 10 minutos por dia.
26 março 2014
19 março 2014
continuar.
passaram exactamente 56 dias sobre aquele telefonema, cerca das 11h da manhã. e 62 desde a última vez que te vi. dei-te beijinhos e festas no cabelo branco e macio, disse 'adeus' e tu sorriste. como há muito tempo não via, aliás. voltei para casa animada, estavas bem.
hoje, 62 dias depois, olho para trás e penso que se calhar, de forma inconsciente, o universo permitiu que nos despedíssemos. e de forma carinhosa dissemos 'até sempre'.
digo que foi melhor assim. digo a toda a gente que foi melhor assim e convenço-me de que assim é que está bem. mas é uma grandecíssima mentira, não é? porque uma vida onde tu não existes não pode ser melhor assim. porque NÃO É melhor assim não poder falar-te, ouvir-te, saber de ti.
hoje é dia do Pai. a mãe prestou-te uma homenagem bonita e eu, atónita pela surpresa, não pude conter as lágrimas, espécie de ondas em dia de tempestade.
ali estavas. sorridente, animado, o meu Avô, em dia de celebração de leituras, gosto que soubeste cativar em todos nós.
e assim como quem não quer a coisa, apercebi-me de que isto da dor, da saudade, do amor, é um caminho enorme e constante, que não sei bem se tem um fim.
e que eu, a tua neta, a quem ensinaste a conduzir, a mergulhar e até a andar, a que levaste ao Museu de Arte Antiga num dia de cozido à portuguesa na tasca do outro lado da rua, a quem mostraste como Lisboa é mais bonita vista do eléctrico onde trabalhaste, a neta com quem dançaste na festa do clube de campistas do Entrocamento, e a quem contaste histórias do Tejo quando eras miúdo, ainda está apenas no início do trajecto.
porque as saudades que tenho tuas são imensas e a realização a sério de que não te terei mais começa agora a instalar-se aos poucos, como faca aguçada.
hoje é dia do Pai. e para mim, dia do Avô também. porque não existe um sem o outro. e tu, foste exímio em ambos.
vou continuar a falar contigo, está bem?
hoje, 62 dias depois, olho para trás e penso que se calhar, de forma inconsciente, o universo permitiu que nos despedíssemos. e de forma carinhosa dissemos 'até sempre'.
digo que foi melhor assim. digo a toda a gente que foi melhor assim e convenço-me de que assim é que está bem. mas é uma grandecíssima mentira, não é? porque uma vida onde tu não existes não pode ser melhor assim. porque NÃO É melhor assim não poder falar-te, ouvir-te, saber de ti.
hoje é dia do Pai. a mãe prestou-te uma homenagem bonita e eu, atónita pela surpresa, não pude conter as lágrimas, espécie de ondas em dia de tempestade.
ali estavas. sorridente, animado, o meu Avô, em dia de celebração de leituras, gosto que soubeste cativar em todos nós.
e assim como quem não quer a coisa, apercebi-me de que isto da dor, da saudade, do amor, é um caminho enorme e constante, que não sei bem se tem um fim.
e que eu, a tua neta, a quem ensinaste a conduzir, a mergulhar e até a andar, a que levaste ao Museu de Arte Antiga num dia de cozido à portuguesa na tasca do outro lado da rua, a quem mostraste como Lisboa é mais bonita vista do eléctrico onde trabalhaste, a neta com quem dançaste na festa do clube de campistas do Entrocamento, e a quem contaste histórias do Tejo quando eras miúdo, ainda está apenas no início do trajecto.
porque as saudades que tenho tuas são imensas e a realização a sério de que não te terei mais começa agora a instalar-se aos poucos, como faca aguçada.
hoje é dia do Pai. e para mim, dia do Avô também. porque não existe um sem o outro. e tu, foste exímio em ambos.
vou continuar a falar contigo, está bem?
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