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15 abril 2012

a suspensão das coisas # 2

perguntam-me porque danço.
que coisa é essa afinal.

[...]

fechar os olhos.
o mundo todo ficou lá fora: o trabalho, o ruído, as filas, os papéis, o trânsito, as decisões, os amigos, até a família. deixas tudo do lado de lá, para seres apenas um corpo e um nome, no meio da multidão.
fechar os olhos e ouvir o que diz a música.
segui-la.
deixar que seja ela a decidir por ti.
viajar para longe, à velocidade da luz ou ao ritmo das ondas do mar. o balançar ritmado, ondulante, de um corpo leve, livre, pleno. um corpo que fala sem falar. melancólico e alegre. saudoso e feliz. cansado e enérgico. um corpo que diz tudo sem que precises de dizer nada.
longe, lá bem longe, onde ninguém chega, onde ninguém vê, onde existes unicamente para o verbo Ser.
longe, lá bem longe, onde suspendes o mundo.

sem juízos de valor. sem preconceitos. sem regras. sem coordenadas. sem obrigações.
apenas a música. e o teu corpo.
tu algures a flutuar entre os dois.

ansiolítico dos dias volumosos.
terapia da vida mundana.

longe, lá bem longe, onde te acompanham os sorrisos, gargalhadas e abraços cúmplices de quem caminha ao teu lado, de quem também deixou o mundo do lado de fora. de corpos que, como tu, também suspendem a vida dançando.

respondo, finalmente, que danço essencialmente, para me saber ser em pleno.

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