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09 novembro 2012

luz boa

uma vida inteira no mesmo puzzle de ruas, nos mesmos quarteirões.
sabes de cor cada pedra da calçada, cada escrito na parede. dizes "olá" ao senhor do talho, "bom dia" à padeira. aproveitas e compras folhas quadriculadas na papelaria da dona são. o caminho para a escola todos os dias, várias vezes.
o coração bate até mais devagar sempre que lá voltas. abrandas. respiras melhor. estás em casa.

do meu novo bairro vê-se o rio ao fundo, lá em baixo, a espreitar por entre telhados e antenas. de tão perto, consegue até sentir-se a maresia em dias de nevoeiro. e ouvem-se os barcos ao longe, a avisar a passagem pela cidade.
uma luz brilhante invade as janelas de casa - essa casa tão bonita -, iluminando as paredes brancas, vazias, só à espera de nova história.
ao fundo da rua o quiosque para tabaco e jornal. a mercearia aberta até tarde, o cheiro a frango assado na rua de cima.
o jardim. esse jardim grande, discreto, guardador de segredos bonitos.
o som do eléctrico sobre os carris.
se esta cidade não for a mais bonita do mundo inteiro, será com certeza a mais bonita dentro de mim.
enamoro-me por ela todos os dias, sucessivamente, a cada rua, cada janela, cada recanto, cada árvore. estendo a língua à chuva e sorrio à luz brilhante.

e sinto o coração a bater mais devagar. a abrandar. respiro melhor.
estou em casa.




1 comentário:

Rita disse...

a vossa casa tem uma luz fantástica e vocês ficam tão bem nela.

acho que chegou a hora de aprenderes a fazer bolos. essa casa pede um bolinho quente e um chá ao domingo à tarde.

um abraço.